quinta-feira, 23 de maio de 2013

Você 'tá de brincadeira?

Estamos em plena Semana Mundial do Brincar. O que isso significa? Tem semana certa pra brincar?
Calma.... Nada disso, a data foi criada com o objetivo de difundir a importância do brincar, e é uma deixa para pensarmos nesse assunto. 
Este é um direito da criança muitas vezes negligenciado. Não é um bônus, é tão importante quanto educação e saúde, aliás, está diretamente ligado tanto a um quanto a outro.
Se pararmos um momento para pensar, veremos que a brincadeira é uma oportunidade única de entrar no universo de nossos filhos. Através da brincadeira a criança nos conta coisas que talvez não saberia expressar de outra forma: medos, curiosidades, sentimentos íntimos que escapam através das fantasias nesses momentos de descontração. É brincando que a criança aprende, expande seus conhecimentos.
Estou começando a aprender um pouco sobre a pedagogia de Maria Montessori, e ela diz: “façamos de conta que a criança é um operário e que a finalidade de seu trabalho é produzir o homem. Porque o trabalho das crianças não produz um objetivo material, mas cria a mesma humanidade; não uma raça, uma casta, um grupo social, mas a humanidade inteira”. 
Dedicar uma parte de nosso tempo para entrar no mundo deles é uma forma muito forte de demonstrar aos nossos filhos que os amamos, que são importantes.
Mas este não é o melhor motivo para brincar. O melhor motivo é que é muito divertido!
Não consigo não pensar que ter um filho é ganhar uma segunda chance de ser criança, de viver a infância e todos concordam que esta é a melhor fase da vida. Por isso eu considero esse brincar uma oportunidade de me divertir com coisas simples novamente e não uma obrigação da maternidade. Não há alegria maior do que ouvir o riso solto de uma criança.
Não arranje motivos para não brincar. Não tem importância se está frio, vista agasalhos bem quentinhos, um gorro e pronto. Se joga na pracinha. Não se choquem com o que vou contar agora: frio não dá gripe. É sério! A única coisa que dá gripe é o vírus da gripe, e a única coisa que dá resfriado é o vírus do resfriado. Os números de casos dessas doenças aumentam durante o frio porque ficamos mais juntinhos em lugares fechados facilitando a contaminação. Pode ligar pra sua vó e contar tudo, mas não zoa porque a maioria das pessoas acredita nesse mito. Aqui tem uma matéria da Folha que não me deixa mentir e ainda compara as duas doenças que sempre são confundidas. Então, atividades ao ar livre são uma boa ideia mesmo no frio. Além disso se movimentar esquenta e gasta energia, libera endorfina, ajuda a mamãe a manter a forma e a criança a ficar de boa quando volta pra casa, dormir bem, faz bem à saúde. 
Outra coisa, tenha roupas para sujar. Não dá pra levar o filho pra brincar e ficar encanando com o estado da roupinha. Nem da dele, nem da sua.
E quando ficar em casa, para idade da Nina (1 ano e 2 meses) uma boa brincadeira é a caixa sensorial. Bem simples, consiste em uma reunião de elementos de diferentes texturas, formatos, aromas, cores para a criança explorar. Vou fazer a minha com farinha de milho em flocos, um fluf, lenço plissado, fouet, bolsa térmica e funil.
Dá pra fazer com água e corante alimentício também fica legal se a molhadeira for viável pra você. Lembrando que não pode deixar o bebê sozinho se utilizar algo que não possa ser ingerido ou se tiver água mesmo que rasinha, pois eles se afogam mesmo. Prometo fazer um post com fotos da caixa e mais algumas coisas que estou aprendendo.
Boa diversão a todos! Comentem, contem suas brincadeiras, deem ideias.

Este post faz parte da Blogagem Coletiva em comemoração à Semana Mundial do Brincar promovida pela Aliança pela Infância

Carta à minha filha do futuro

Filha, espero que tenha dado tudo certo.
Me lembre, caso eu tenha esquecido, que eu disse que nunca ia querer escolher as coisas por você. 
Daqui da sua infância, eu tenho um plano lindo. Nele eu nunca falo: "Não chora porque não foi nada", só digo: "Pode chorar porque às vezes é triste mesmo, mas eu garanto que passa". Eu deixo você tentar e fico ansiosa esperando que volte pra me dizer como foi.
Diz pra mim que eu prometi nunca parar de aprender, porque mesmo um jeito novo de fazer uma coisa velha pode ser interessante. Eu já sei que uma hora vou estar cansada, e você vai precisar de muita paciência pra me ensinar, mas mesmo assim vai ser uma delícia, pelo menos pra mim. rs
Lembra como a gente brincava? E eu repetia todo dia que você era muito linda e o som da sua risada ainda ecoa em minha mente como nas vezes em que eu diexei você regar as plantas e o quintal todo virou uma lama só.
Saiba que meu plano é dar um irmãozinho pra você, e espero que ele esteja aí enquanto lê isto e que vocês se amem muito muito, infinito gordão de baixo até o céu! Que vocês são com certeza a melhor parte de mim.
Filha, me leva no jogo do Santos? Lembra que ele é a nossa metáfora pra vida: atacar sempre é melhor, ficar na retranca pode até funcionar, mas não é o jogo bonito que a gente quer ver. Ensinei a chutar a bola pra frente em muitas tardes de diversão...
E por último, ame seus amigos com a alegria que hoje você demonstra quando vamos a um parque cheio de crianças, cuide da família que você construir como fazia com as bonecas que eu te ensinei a amamentar e carregar no sling de brinquedo, afaste quem não der valor a você como fazemos com as pombinhas que botamos pra voar na praia com um pisão bem forte e saiba que ser do jeito que você é não é apenas o melhor, mas o único jeito de viver. Porque ser o que o outro quer não é vida.

Mamãe.

Esta carta é uma das atividades da Semana Mundial do Brincar 2013! Quer escrever a sua carta também? Escreva até o dia 25 de maio e envie por e-mail para barreto.maribel@gmail.com para  ser repassado para Aliança pela Infância

sábado, 18 de maio de 2013

Mamá open bar

 Acho que desde que estava grávida decidi que ensinaria bons hábitos alimentares à Nina. É que eu cresci em meio a muitos pacotes de bolacha, batatas fritas, chocolates de guarda-chuvinha, Xou da Xuxa, todas essas porcarias, e quase não comia legumes, apesar de minha mãe amar vegetais.Fui aprendendo com muito esforço a sentir prazer comendo alimentos saudáveis. Talvez por isso, resolvi facilitar a vida da minha filha habituando desde cedo seu paladar apenas a frutas e comidas frescas, vitaminadas e livres de gordura, açúcar e sódio em excesso. 
 Até há pouco estávamos muito bem vivendo entre coloridos potes de papinhas caseiras, que eram recebidas com um bocão de dar gosto, enchendo a mamãe de orgulho. Mas de uns tempos pra cá meu bebê começou a dar trabalho na hora de comer e aceitar menos comida do que eu estava acostumada a oferecer. Prontamente o dr. Google me disse que isso era normal pois após o primeiro ano o bebê passa a crescer num ritmo menos frenético, logo, precisa de menos alimentos. Depois disso a Nina foi infectada com o vírus da síndrome mão-pé-boca, que a fez ficar sem comer por quase 1 semana inteira, só queria saber de mamar e mesmo já estando aparentemente melhor, a falta de apetite persistia. 
 Então tivemos a esperada consulta com a Pedi nova e, quando eu já estava amando o jeito dela, ela me disse que eu deveria regrar os horários das mamadas para não atrapalhar as refeições. 

 Fiquei um pouco na dúvida, mas aquilo não me soou bem. Não quis ser teimosa e resolvi pelo menos pensar no assunto, já que estava preocupada por ela não comer. Corri a consultar-me dessa vez com uma das amigas que a maternagem me apresentou e que mesmo conhecendo há pouco tempo já deu pra sacar que vibra no mesmo tom que eu, e ela me disse tudo que eu precisava ouvir: "Feche os olhos, respire profundamente e sinta o que sua alma diz! E tenho certeza que você ouvirá amamente em livre demanda." e disse também: " E se comer somente uma colher. Tá ótimo. Agora peito em livre demanda. Sempre... mamá é carinho acima de tudo. É afeto acima de tudo. E pode ser que o alimento que ela precise seja somente esse nesse momento."
"Eu sei o que é bom pra mim."
 E eu achei tão reconfortante ouvir isso e tão bonito, que tive que postar aqui e dizer que a minha reflexão foi: negar o peito pro bebê nunca vai ser uma coisa boa, somos mamíferos, o leite da mãe é feito para o bebê, na quantidade e na composição que o próprio ato de mamar controla. A produção única e ideal, diferente em cada mãe, para cada filho. Quando o leite não for suficiente para saciar a fome e nutrir, a criança vai aceitar a refeição. Não é como se você estivesse dando um pacote de Trakinas no lugar do almoço. E, só para acabar com qualquer insegurança que pudesse restar, a Nina me presenteou com um apetite de leão. Voltou a comer muito bem em todas as refeições e me deixou ainda mais confiante em meu instinto.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Eu matrioska

As matrioskas são estas simpáticas bonequinhas russas que contêm dentro de si uma outra igual em menor escala formando um conjunto de seis ou sete e representando a fertilidade e a própria maternidade. Para mim um belo símbolo que me faz lembrar o quanto minha filha mudou minha relação com a minha mãe.
Tivemos um relacionamento bastante conflituoso durante a adolescência e eu sempre quis ser diferente dela, mas, quando a Nina nasceu, pude entender, agradecer e me inspirar. Às vezes me pego usando frases dela, e acho que estamos mais parecidas até fisicamente. Sabe, a gente cresce com uma mãe que põe nossos interesses acima dos dela, que sempre dá um jeito de conseguir o que a gente precisa e fica achando que todas as mães são assim, mas não são. Por isso se você tem uma como a minha aí na sua casa, dê muito valor a ela.
Eu disse muito valor, e não muitos presentes. Eu gosto de presentes, mas não acho que eles têm de vir em datas específicas e também não acho que sejam a única maneira de comemorar o Dia das Mães. Uma boa ideia é utilizar o dia especial para fazer um passeio divertido, investir o dinheiro que seria gasto num presente em algo que se transforme numa deliciosa memória. Neste ano, tivemos um probleminha de saúde aqui em casa que atrapalhou as comemorações, então decidi que vou comemorar no sábado que vem. Já que é uma data inventada, por que não brincar com isso? Além de que, instituindo esta nova data driblo conflitos logísticos que sempre aparecem numa família grande que tem tradições diferentes para o dia.
Nós moramos em São Paulo, e meu dia das mães vai coincidir com a Virada Cultural, então meu plano é curtir o dia com a pequena na Viradinha Cultural, (veja programação aqui). Sou muito a favor da ocupação dos espaços públicos como exercício de cidadania e acho que esta cidade, que cada vez mais segrega as pessoas e as coloca atrás de muros, em frente a telas, merece ser utilizada e se transformar num lugar mais bem aproveitado. Vamos usar as praças e os parques em vez dos shoppings e, com carrinho ou sling, carregar nossos pequenos para todos os lugares!
Como contribuição deixo aqui links com listas de parques e praças em algumas cidades para incentivar as famílias a se divertirem ao ar livre.
Em São Paulo
No Rio
Em Minas
e em Curitiba

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Dr. Google


Quando estamos grávidas, aparecem, vindas de todos os lados, aquelas imensas listas de produtos  inúteis indispensáveis para o bebê e a futura mamãe. Sites, lojas, revistas nos dizem para comprarmos itens como termômetro de água, chupeta, chuquinhas, mamadeiras diversas, kit de higiene do bebê. Vou contar para vocês que, na prática, descobri que se sobrevive muito bem a um recém-nascido sem muitos desses apetrechos. Nada como o antebraço de uma mãe zelosa para saber se a temperatura da água está agradável para o bebê, colocar mamadeiras e toda a parafernália que acompanha o  uso delas numa lista dessas chega a ser um desestímulo à amamentação, as toalhas com capuz logo deixam de cobrir os pés do bebê que não para de crescer e podem ser substituídas sem prejuízo por uma toalha grande, macia e felpuda de adulto mesmo. 
Hoje, minha lista de itens necessários para as mães de primeira viagem seria bem diferente e incluiria bomba elétrica tira-leite e internet banda larga. Isso mesmo, nada foi mais útil do que a internet para eu conseguir cuidar da Nina. 
Quero deixar claro que o pediatra sempre deve ser consultado, nada substitui um profissional e se você não se sente à vontade para recorrer ao seu, é melhor procurar outro. Mas, a experiência de outras mães, os sites de pediatria e de bebês, os blogs e mesmo os artigos acadêmicos disponíveis na web me trouxeram informação sobre os mais diversos assuntos como armazenamento e oferta do leite materno quando eu voltei ao trabalho, estímulos e brincadeiras para cada fase quando estava louca de ansiedade para que ela interagisse conosco, primeiras providências quando ela sofreu uma queda, nutrição infantil e introdução alimentar, o conceito de baby wearing, as ideias para o aniversário, a publicidade infantil, a violência no parto e mais um tanto de coisa que eu estou aprendendo nessa construção da mãe que eu escolho ser diariamente. Isso sem contar o sem-fim de músicas, da irritante famosa galinha à música clássica, passando pela deliciosa Palavra Cantada. E aqui paro para indicar a Rádio Radinho
Diante de cada questão que se coloca, de cada etapa do desenvolvimento da minha pequena corro a pesquisar madrugada afora para educá-la de forma consciente.

Então, como disse o Gil, veleje nesse infomar e aproveite a vazante da infomaré. Deixo um vídeo para quem quiser aprender a otimizar suas buscas, porque às vezes a gente acha que sabe usar, mas tá deixando várias ferramentas de lado.

domingo, 5 de maio de 2013

Bebês me mordam!

Nos últimos tempos,a pequena começou a morder. Morde minhas mãos, as do pai e também bochechas. O titio ou a vovó pensam que vão ganhar um beijinho, coisa que acontece muito, mas ela abre a boquinha e NHAC. 
Sei pelos fóruns de bebês do mesmo mês que isso acontece muito, acredito que seja por causa dos dentes.
Por enquanto não tive nenhum episódio em que ela mordesse outra criança e antes que isso aconteça tento cortar esse comportamento. 
O que faço por aqui é dizer: "Faz dodói, morder, dodói". De uma maneira calma, mas firme, com tom de reprovação. EVITE usar a palavra NÃO. Por mais que seu filho balance a cabeça ao ouvi-la, ele ainda não tem conhecimentos linguísticos para entender o que significa. Então, ligar a palavra morder com dor vai funcionar melhor do que "Não morda". 
Outra dica importante é nunca rir ou achar bonitinho, isso vai confundir a criança que pode repetir o comportamento para fazer gracejo.
Nina mostrando as presas
Por mais que pareça não adiantar, é preciso bastante paciência para repetir muitas e muitas vezes e estimular o comportamento cordial. Aqui eu falo: "Morder dodói. Beijinho", e beijo ela, para que entenda, então peço um beijo e repito até ela entender que beijinho é bom, e mordida, não. Não posso garantir que vá funcionar, porque ainda estamos passando pelo momento, mas quando ela estava na fase de puxar cabelos eu fazia assim e hoje quando ela chega com a mãozinha na direção do nosso cabelo é sempre para fazer carinho ; )
Para os pais de bebês que levarem mordidas de outros a dica também é manter a calma, não estimular seu filho a revidar, pois isso só ensinará que agressividade resolve alguma coisa e é aceitável. Nesta fase, o mais recomendado é que os pais estejam sempre alertas para intervir numa situação explicando com carinho e atenção, pois as relações sociais também são aprendidas.
Essa fase da mordida costuma durar até os 3 anos, caso se estenda para além disso é importante buscar saber se existem motivos subjacentes que estejam causando o comportamento, algo que seu filho não esteja conseguindo expressar, por exemplo. 
Por último deixo aqui um link interessante para quem quiser ler sobre o que o psicanalista inglês Winnicott diz sobre o assunto.